
Abstive-me um pouco de comentar um fato bastante divulgado em todos os veículos de comunicação: o caso da aluna, motivo de chacota, na Unibam. Como bom virginiano que sou preferi observar mais o andar da carruagem. Depois de ouvir, esta semana, a entrevista do vice-reitor da faculdade que insiste em culpar a aluna. Decidi me manifestar.
Em primeiro lugar acho que o episódio é mais uma prova da visão bancária da educação que tem se instalado em muitas faculdades particulares no Brasil. Elege-se um padrão de imagem para conquistar alunos, postado em outdoor´s por todos os cantos. Quem já não viu mensagens como: "Eu sou fulano de tal e você quem é?" ou "Faça parte do melhor" sempre acompanhado de fotos de jovens, que aparentam sucesso e vitória. Então muitos pais apóiam seus filhos a ingressar em tais instituições. Li no blog do Luís Nassif que o Brasil possui mais de 1.200 faculdades de direito, ao passo que nos EUA são 182. Temos mais faculdades de direito que a Europa tem de faculdades de medicina! E o que farão estes jovens com um diploma?
Em Outubro, a Folha de São Paulo divulgou dados do concurso público para garis no Rio de Janeiro. Entre os candidatos estavam 22 mestres, 45 doutores e 1.026 candidatos com nível superior. Um dos candidatos chegou a declarar o seguinte: "Disseram que eu era maluco, que eu ia ficar fedendo a lixo... Mas a faculdade hoje não garante emprego nem estabilidade para ninguém. Eu quero segurança" disse em entrevista um aluno de história de uma faculdade particular carioca. O Brasil está chegando a uma realidade já vivida por jovens europeus e norte-americanos: alto índice de desemprego entre jovens qualificados. Em Portugal, por exemplo, o índice de jovens formados e desempregados já é superior ao do restante da Europa: 61%. Um detalhe importante: o ensino privado no país tem peso (número de instituições) proporcional ao do Brasil.
Mas e o que tem isso haver com o triste episódio da Unibam, você pode estar se perguntando. Eu respondo: tudo. A jovem com o vestido curto é a dissonância cognitiva da imagem que a instituição quer passar. Aliás, acho que a jovem deve sair da instituição não só por esse motivo, mas pelo simples fato do curso que ela estuda (Turismo) ter sido avaliado pelo Enade em 2006 e ter alcançado apenas 2 pontos no Indicador de Diferença de Desempenho (IDD) segundo o Mec. Somente a nota já coloca o curso em risco. Acho que agora é xeque-mate.
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