Quero dedicar o meu primeiro post a um poeta satírico, proíbido e barroco. Um poeta soteropolitano nascido no séc XVI: Gregório de Matos.
Eis o meu soneto preferido;
Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas,
Do que anda só o engenho mais profundo.
Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco c'os demais, que só, sisudo.
Gregório de Matos
Panela velha, panela boa!
Há 13 anos
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